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De Caucaia a Icapuí: translocação do peixe-boi-marinho Katú

Nos dias 19 e 20 de agosto de 2025, a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) realizará uma operação de grande porte para a translocação do peixe-boi-marinho Katú, que será transferido do Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos (CRMM), localizado nas dependências do Sesc Iparana Ecoresort, em Caucaia (CE), para o Recinto de Aclimatação da Praia da Peroba, no município de Icapuí (CE). A ação faz parte da estratégia de conservação da espécie desenvolvida pela organização no Estado do Ceará.


Missão da Aquasis e histórico de conservação

Fundada em 1994, a Aquasis atua na prevenção da extinção de espécies ameaçadas no Nordeste brasileiro, com foco no Ceará. No Programa de Mamíferos Marinhos, a instituição realiza atividades de resgate, reabilitação, soltura, formulação de políticas públicas e educação socioambiental.


O CRMM, inaugurado em 2001 e ampliado em 2012, é referência no cuidado de peixes-bois-marinhos, oferecendo estrutura para quarentena e reabilitação completa pré aclimatação. Desde 2019, a organização mantém em Icapuí o primeiro Recinto de Aclimatação para Peixes-bois-Marinhos do Ceará, uma plataforma flutuante equipada para abrigar os animais durante sua fase de adaptação antes da reintegração à natureza. Até fevereiro de 2025, quatorze indivíduos já haviam passado pelo local.


Recinto de Aclimatação para Peixes-bois-marinhos, em Icapuí/CE - Foto: Acervos Aquasis
Recinto de Aclimatação para Peixes-bois-marinhos, em Icapuí/CE - Foto: Acervos Aquasis
Perfil do animal

Katú encalhou em 15 de outubro de 2020, na praia de Canoa Quebrada, em Aracati (CE). Atualmente, o animal tem 4 anos e 9 meses, mede 2,67 m e pesa 306 kg. Durante sua permanência no CRMM, demonstrou comportamento estável, predominância de hábitos naturais da espécie e boa sociabilidade com outros indivíduos. Além disso, está marcado com chips de identificação, criogenia e cookie caudal, recursos que auxiliam no monitoramento.


Katu, recém chegado ao CRMM da Aquasis, em 2020 - Foto: Acervo Aquasis
Katu, recém chegado ao CRMM da Aquasis, em 2020 - Foto: Acervo Aquasis
"É um evento que marca mais uma etapa importante na vida do Katú, que já passou por uma reabilitação de 4 anos e 9 meses e encontra-se apto a seguir para a fase de aclimatação. Durante a aclimatação, Katú terá a oportunidade de se adaptar gradualmente às condições naturais do mar, enfrentando variações de maré e salinidade, explorando a oferta de alimentos disponíveis e interagindo tanto com outros peixes-bois quanto com diferentes organismos marinhos. No contexto da conservação, a translocação e o êxito nessa nova fase é essencial para aumentar as chances de sucesso na futura soltura de Katú em seu habitat natural, contribuindo diretamente para o incremento da população de peixes-bois em uma região de ocorrência histórica da espécie", afirma Cinthya Leite - Bióloga e Técnica de Resgate e Reabilitação do PMM.
A operação de translocação

A translocação percorrerá cerca de 217 km, em um trajeto terrestre e aquático com duração estimada de 8 horas. O transporte será feito em uma van adaptada, acompanhada por uma equipe multidisciplinar composta por veterinários, biólogos e tratadores, que monitorarão os parâmetros vitais e comportamentais do animal.


A última etapa do deslocamento será feita no mar, com o uso de uma balsa motorizada para percorrer os 300 metros até o recinto de aclimatação. A logística prevê o uso de macas especiais, cintas de contenção e apoio de 12 a 20 profissionais em diferentes fases do manejo, garantindo a segurança do animal e da equipe.


Estrutura e equipe envolvida

A operação contará com o apoio de 49 pessoas, incluindo a equipe do Programa de Mamíferos Marinhos da Aquasis, colaboradores da instituição, bombeiros do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, um representante da Petrobras e voluntários da comunidade local de Icapuí.


A coordenação geral será de Cinthya Leite, responsável pela orientação estratégica e tomada de decisões. Cada fase da operação terá um coordenador de equipe, e o manejo direto com o peixe-boi será conduzido pelos técnicos e tratadores da Aquasis, experientes em processos de reabilitação e aclimatação.

"A translocação de um peixe-boi-marinho é uma operação complexa que requer planejamento detalhado, materiais específicos e a atuação de profissionais experientes. Por envolver diversas etapas — desde a retirada cuidadosa do animal do tanque de reabilitação até o transporte terrestre e aquático — cada fase é conduzida com máxima atenção para assegurar o bem-estar e a segurança do animal e da equipe envolvida. Por termos esse cenário, é importante contar com uma equipe ampla e multidisciplinar, que consiga atender a todas as demandas da operação, sempre priorizando a redução do estresse, o conforto e a integridade física do animal. Nesse processo, a parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Ceará é essencial, garantindo apoio técnico e segurança em todas as etapas da translocação", ressalta Cinthya.

Importância da aclimatação

Após a reabilitação, a fase de aclimatação é essencial para que o peixe-boi-marinho se adapte às condições do ambiente natural, incluindo marés, correntes, ondas, sons e alimentação natural. Katú permanecerá no recinto da Praia da Peroba por pelo menos seis meses, até estar pronto para ser solto definitivamente no mar.


Ação

Translocação do peixe-boi-marinho Katú para o recinto de aclimatação da Praia da Peroba

19 e 20 de agosto de 2025

De Caucaia (CRMM/Iparana) a Icapuí (Praia da Peroba) – Ceará

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A translocação do Katú é uma ação realizada através do PMP-BP, que é uma iniciativa desenvolvida para atendimento de condicionante do licenciamento federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia do Ceará.

 
 
 

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