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Foto do escritorOng Aquasis

Com parceria internacional, projeto cearense se destaca na pesquisa científica de espécies ameaçadas

Atualizado: 1 de jun. de 2023

No último mês, equipe do Ceará, junto com pesquisadores de outros países das Américas, reuniram-se no estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos, a fim de coletar dados importantes para a conservação de aves ameaçadas de extinção no Brasil.

Foto: Acervo Aquasis


Durante todo o mês de maio, membros da equipe do Projeto Aves Migratórias (PAM), desenvolvido pela Aquasis em parceria com a Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, participaram de um conjunto de ações promovidas pelo Projeto Connecting the Dots (Ligando os Pontos, em tradução livre), da ONG americana New Jersey Audubon.


A pesquisa, que tem como foco principal o "maçarico-rasteirinho", também abrange outras espécies de aves limícolas (grupo de aves ao qual ele pertence) que passam pela Baía de Delaware (EUA) durante sua migração rumo ao norte para se reproduzirem nas tundras árticas do Canadá. O Projeto usa uma tecnologia de telemetria, colocando minúsculos aparelhos de rádio e outras técnicas de marcação com anilhas metálicas e bandeirolas coloridas estabelecendo relações geográficas, temporais e analisando a conectividade migratória, além de coletar informações sobre o uso de habitats e a preparação fisiológica durante a longa migração anual que faz parte do ciclo de vida dessas pequenas aves, seriamente ameaçadas de extinção.



Foto: Victoria Souza e Felipe Braga (PAM) realizando atividades de campo em Nova Jersey / Acervo Aquasis.

Sobre o Projeto


O projeto é realizado sob orientação e coordenação do biólogo Dr. David Mizrahi, vice-presidente de Pesquisa e Monitoramento da New Jersey Audubon que conduz este estudo há quase vinte anos, possui parceiros nos Estados Unidos, Canadá, México, Nicarágua, Colômbia, Suriname, Guiana Francesa, Argentina e Chile, além do Brasil (representado pelos vários membros da equipe do PAM), busca monitorar mudanças nas populações e compreender a taxa de sobrevivência dessas aves para aprimorar estratégias de conservação para essas espécies.


Para o gerente do Programa Aves Migratórias, Jason Alan Mobley

“A parceria da Aquasis nesta colaboração de pesquisa e treinamento é um aspecto muito fundamental dos planos de conservação para o grupo de aves limícolas, algumas das quais passam até 8 meses do ano se mantendo sua forma corporal em locais como o Banco dos Cajuais, antes de realizarem seus movimentos de longas distâncias, de modo que o objetivo de conectar estes pontos de onde eles ficam, param e de quais recursos naturais eles dependem no espaço e no tempo ao longo do seu ciclo de vida anual, é a base para estratégias de evitar sua própria extinção.”

A Aquasis, instituição de quase 30 anos dedicada à conservação de espécies ameaçadas de extinção no Ceará, destaca a importância desse intercâmbio para o fazer da ciência no Brasil pois os pesquisadores do Programa Aves Migratórias são convidados anualmente para esta colaboração desde 2017, onde aprimoram ainda mais as práticas e técnicas de captura, biometria, marcação, coleta de material biológico, além do grande desafio de capturar centenas de aves para registrar a sua presença ao longo de toda a sua rota migratória no Atlântico Ocidental, onde um dos pontos de parada e invernada mais importante no Brasil, fica no Banco dos Cajuais, município de Icapuí, no extremo leste cearense, considerado parte da Rede de Reservas de Aves Limícolas do Hemisfério Ocidental (Western Hemisphere Shorebird Reserve Network - WHSRN).


Victoria Souza e Felipe Braga, biólogos do Programa Aves Migratórias da Aquasis.

A bióloga e mestrando do curso de ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Victoria Souza explica que durante sua estadia em terras estadunidenses, participou de treinamentos envolvendo manejo, captura e marcação de aves, mas que além do aprendizado técnico, um dos objetivos do projeto Connecting the Dots é promover um intercâmbio entre diferentes pessoas e projetos que trabalham com a conservação de aves limícolas migratórias nas Américas e que essas novas técnicas e metodologias aprendidas irão fortalecer as pesquisas voltadas para a conservação de aves limícolas migratórias ameaçadas de extinção, no Ceará.


Para Victoria

"É de grande importância trazer novas técnicas e metodologias para a pesquisa científica, mas para além disso, através de observações da cultura local levamos novas ideias para o desenvolvimento de ações de educação ambiental e políticas públicas com o objetivo de aproximar a sociedade da ciência".

Equipe do Connecting the Dots, durante a campanha de 2023, em Delaware Bay (EUA) - Foto: Salvadora Morales

Já o biólogo e dourando do Instituto de Ciências do Mar (Labomar/UFC), Felipe Braga, que coordena a equipe de educação ambiental do PAM, afirma que as aves migratórias não reconhecem limites geográficos e que ao longo do seu trajeto elas param para se alimentar e descansar em áreas de diferentes países.


"Por exemplo, um maçarico-de-papo-vermelho que observamos no Ceará de agosto a março - que viaja cerca de 30 mil km por ano entre os hemisférios - pode estar aqui na Baía de Delaware em Maio e se reproduzindo no Canadá em julho. Em cada parada essas aves enfrentam diversas ameaças, dessa forma sua conservação precisa ser feita através da conexão de pesquisadores do mundo todo", completa Felipe.

Grupo de maçaricos-rasteirinhos em pleno vôo - Foto: Salvadora Morales

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